segunda-feira, 7 de novembro de 2011

JANUÁRIA - Solteira


Alguns anos antes do nascimento do seu segundo filho, Januária estava na moradia do seu namorado e, futuro marido.

Neste dia ocorreu um fato que vem selar o derespeito e preconceito que se viu envolvida pela mãe de seu marido e de mais 3 filhos.

Haviam terminado o almoço e ouviu-se a voz de um dos cunhados de Januária:
- " Mamãe desça para irmos a maternidade pois Neneca, sua nora,vai ter nenê".

Ficaram alegres e a sogra bondosa corre e lembra-se :
- "Espere um pouco para eu não esquecer da Nossa Senhora do Bom Parto,faço questão de conduzir a sua imagem para Neneca ter um bom parto".

Nesse momento, nada de anormal, foi uma maneira de manifestar sua felicidade no nascimento do primeiro neto.

Deportando ao massacre sofrido por Januária, anos após, analisaremos com atenção.

Puro preconceito, veja a comparação:

Januária pobre, rejeitada e sozinha.

Mesmo conquistando seus direitos de parir em
paz e onde desejasse e sem loucrar ninguém;
a sogrinha não permitiu.

Neneca rica, filha de médico e família de renome.

Foi premiada com a imagem de Nossa Senhora
pela sogrinha.

Ela nem sabe disso e não tem culpa de nada,
aparentemente, uma pessoa simples e simpática.

Mas, a 'sogrinha' soube muito bem mostrar o lugar de JANUÁRIA e de NENECA no 'seu' conceito social e econômico.

Estaríamos no Colonialismo, onde somente as sinhazinhas tinham o melhor ?

E a moça branca e respeitada, mas filha dos colonos (plebe) não podia ter iguais prioridades?

Teria que parir no curral?


Rogéria Costa

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