segunda-feira, 26 de abril de 2010

MINICONTO URUGUAIO





O curandeiro de San José


" Nos arredores de San José havia um curandeiro, negro velho, analfabeto.
Atendia debaixo de uma árvore enorme.
Punha óculos para examinar os pacientes com olhos de doutor e para fazer de conta que lia jornal.
Todo o povo o respeitava e queria.
Como bom curandeiro de lei, o negro sabia salvar
com ervas e mistérios.

Uma tarde trouxeram para ele uma doente muito pálida, o olhar sem luz, tinha perdido a fome e estava muda e sem força para caminhar.
O negro fez um sinal e se aproximaram da árvore os pais e o irmão.
Ele, sentado, meditava; eles, em pé, esperavam.

- Família - disse, finalmente.
E diagnosticou:
- Esta moça está com a alma toda esparramada.
E receitou:
É preciso música para juntar."

Eduardo Galeano,
Dias e noites de amor e guerra, L&PM,2001

sexta-feira, 23 de abril de 2010

São Jorge





Nascido na antiga Capadória, hoje
parte da Turquia,o cavaleiro Jorge era alto funcionário do império romano quando foi degolado,
em 23 de abril de 303,
por ordem do imperador Diocleciano,
que havia condenado à morte todos os cristãos.

Um dos santos mais populares da história
da Igreja Católica, o mártir Jorge é representado sobre um cavalo branco espetando com a lança um dragão, símbolo do Demônio.

No camdoblé, São Jorge é Ogum, padroeiro dos guerreiros.

Globo Rural - Abril 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

HINO NACIONAL PRIVATIVADO

INFANTILIDADES





O pé do pato não é pé
O pé do pato chama-se pata
A pata tem suas asas
Com as asas ela voa.
Voa pelo pasto.

O pequeno Paulo
Tem um sapato

O seu pé cabe no sapato
O pé é do sapato
Que entra de fato
Dentro do solado
O sapato é do pé
Todo pé fica molhado
Fora do sapato


A xícara de Xica
Possui uma asa

Que fica sobre o pires
Ela é de louça
Louça mexicana
O pires é redondo

Onde vive numa caixa
Junto com a xícara

Na caixa que veio ameixa
Lá da "Loja do Seu Maxixe".

Nair tirou as mangas
Da sua linda blusa
Com a blusa sem mangas.
Correu ao quintal
E subiu no pé de manga.

Retirou a fruta
Madura como tal
Descascou com a faca
Pegou um taco
Pedaço doce
Como assim fosse...

E comeu com sal

Rogéria Costa

Vazio Coração






Venho responder...
Por cada momento
Onde foi destruído
Cada passo abusivo
Todo instante sagaz.
Venho demonstrar...
Certa indignação
Do que fizeram comigo
E registrar o pavor
Do desmerecido castigo

Determinado em cada estação
No desabrochar da minha vida.
Venho relembrar...
expandir...
desvendar...

Para o mundo jamais permitir
Nem me deixem desmoralizar
Venho revelar...
ao infinito

O desaprovamento
que sinto

Pelo que me fizeram molestar

Venho explodir...
Em reinvindicações
Para conhecer os motivos
Sem eu tecer
E os vários fuxicos
Das destrutivas perseguições
Que me deixaram sofrer
Venho entender...
Toda lágrima derramada
Em ser desmoralizada
Por essa gente nojenta
E hoje enfrenta
Que sabe Deus?
O que eu não mereci

Em cada página virada
Por qualquer curva da estrada
Ao resistir, vencer e insistir
Por saber como existir.
Venho dizer que quero...
Esquecimento,
Liberdade e livramento
Dessa gente perniciosa
Que impediu meu crescimento
Numa existencia sadia
Cheia de amor e alegria

Venho dizer que mereço...
Viver nova vida
Sem morte física
Mas com transformação típica
De quem quer sem medida
Ser feliz sem ferida
Mas saber com certeza
Para que tanta baixeza ?
Num convíviu diário
Sem ser necessário
Perseguindo com trato
E bastante delicadeza
Venho determinar...
Que de todo modo pretendo

Ter muita felicidade
Bem longe...
Distante de toda maldade
Dessa gente cruel
Que não me deixou brilhar
Em tudo me incomodar
Fazendo-me sofrer
Ao sobreviver
Numa luta em vão
Deixando no dia a dia
Um eterno vazio
Dentro do coração


Rogéria Costa

sábado, 17 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Reflexo





O cisne nada no lago
Lago azulado
Onde as folhagens
Como num palco espelhado
Deixam suas imagens
Dessa imensa alegria
Prevendo o afago
Mágica e doce fantasia
Perfeito regaço
Reflexo de poesia.
Rogéria Costa



Achei e adorei !

quarta-feira, 14 de abril de 2010

MANDACARÚ




Lá estava...

Garboso e imponente diante da janela da sala.

O mandacarú ficava ali, mostrando-se as pessoas que passavam na nossa calçada.

Todo florido com imensas flores brancas.

Propositadamente, a natureza havia se incumbido
em florir nosso jardim.

Era noite de Natal.

E diante dos nossos olhos a única árvore
de Natal ao natural.

Pai do Céu havia nos dado de presente aquela maravilha!

O perfume de mato misto ao sereno do luar que
pousava no jardim.

Alegria de avistar uma obra da natureza,
presentada por Deus naquele momento de amor.


Não necessitava de luzes, o luar bastava para embelezar com simpliscidade o belo cacto.

Esse instante sublime destacava-se entre muitos, serenando aquele lugar.

Apesar das rejeições, dos abandonos, intrigas e mentiras... ficou guardado no peito alguns instantes de realeza daquele imponente mandacarú.

Não foi no sertão que vivenciei esse espetáculo.

A alvura daquelas flores contrastavam
com o verdejante e espinhoso arborescente.


Perguntar o motivo de registrar tudo isso?

Só haveria uma resposta ...

Saudade !


Saudade do que não se viveu...!

Saudade daquilo que não se realizou... !

Saudade de sentir-se amada sem ilusão...!

Por isso não quero mais esse passado
de mentira e fantasia...

Resta, apenas, as lembranças da beleza desse momento.


Registrar sentimentos é a tentativa de
imortalizar o que não se pode ser,
mesmo com o possivel e necessário para ter.


Rogéria Costa

terça-feira, 13 de abril de 2010

A espreguiçadeira




Naquela cristaleira
Coberta de vidros
Vejo refletidos
Lembranças em pedaços
Momentos de recordar
Alguns partidos
Fazendo relembrar
Minha vida inteira.

Encontro-me a cantarolar
Limpando o pó
Insistentes em ficar
Nas peças da minha vovó
Que aprendi a amar

Desde cedo
Sentada na sua cadeira

Sempre a si balançar
Sacudindo a poeira
Daquele lugar

Lendo seu conto preferido
Com o abano do gato
Que coloca o rabo
Debaixo da espreguiçadeira

Miando quase num grito
Por causa da brincadeira
Temendo perder sua cauda
Reclama aquele bichano

Enquanto vovó sem engano
Resolve sentar na calçada
Para apreciar
A nossa rua animada
Daquele bairro singular.

Rogéria Costa

sexta-feira, 9 de abril de 2010

ALBERT EINSTEIN



O milagre da vida

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
faremos as pazes.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
um de outro se há de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
a amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas,com a amizade
construiremos tudo novamente
cada vez de forma diferente,
sendo único e inesquecível
cada momento que juntos vivemos
e nos lembramos para sempre.


Há duas formas para viver a sua vida:uma é acreditar que não existe milagre, a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Albert Einstein

Muito lindo!
Tudo que gostaria de ter escrito...

Rogéria Costa





quinta-feira, 8 de abril de 2010

LEMBRETE


Fernando Pessoa


"Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.

Alargue seu coração de esperanças, mas não
deixe que ele se afogue nelas.


Se achar que precisa voltar, volte!

Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo errado, comece novamente.

Se estiver tudo certo, continue.

Se sentir saudades, mate-a.

Se perder um amor, não se perca!

Se o achar, segure-o! "

Fernando Pessoa

domingo, 4 de abril de 2010

DESPERDÍCIO DE TEMPO



Esbanjamento
Desperdício de tempo
Usando sua energia
Para estragar o intento
E toda magia
De quem...
Por nenhum momento
Da sua vida faria
Uma enchente
Tendencia de descontentamento
Pois a cada minuto
Em todo seu pretérito
Coube o intuito
Comedir com mérito
Sem qualquer pretexto
A vida alheia bisbilhotar
Somente alçar seu feito
E o destino alegrar

Rogéria Costa

ESMALTE



Brilho no escarlate
Desse seu esmalte
Remexo aquele estojo
Repleto de bijuteria
Ponho a mão no bojo
Escolho o que gostaria
Um requinte de semi-jóia
Por voce ser usada
Com toda diplomacia
No dia a dia
Por toda volta
Faço voce subir
Num salto plataforma
Que não lhe incomoda
De qualquer forma
De maneira refinada

Num cenário de moda
Bonita e perfumada
Com aroma frances
Para mim arrumada
Marcando altivez
Resoluto de uma espera
Ofegante paixão
Questão bem séria
Envolvente coração!!!!

Rogéria Costa