Naquela cristaleira
Coberta de vidros
Vejo refletidos
Lembranças em pedaços
Momentos de recordar
Alguns partidos
Fazendo relembrar
Minha vida inteira.
Encontro-me a cantarolar
Limpando o pó
Insistentes em ficar
Nas peças da minha vovó
Que aprendi a amar
Sempre a si balançar
Sacudindo a poeira
Daquele lugar
Lendo seu conto preferido
Com o abano do gato
Que coloca o rabo
Debaixo da espreguiçadeira
Miando quase num grito
Por causa da brincadeira
Temendo perder sua cauda
Reclama aquele bichano
Enquanto vovó sem engano
Resolve sentar na calçada
Para apreciar
A nossa rua animada
Daquele bairro singular.
Rogéria Costa
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