domingo, 21 de novembro de 2010

Natal Sertanejo



Fonte: Isso é Encosto




Naquele agreste sertão,
havia um menino chamado João,
cujo destino ninguém sabia não.

Morava com sua família pai, mãe
e um caçula. Esperto irmão!

Viviam num casebre,
longe da cidade grande.

Tomavam banho na cachoeira
e quando fazia frio
esquentavam-se na fogueira
acesa na beira do rio.

Comiam charque e feijão-de-corda
colhido no terreiro.

Batata doce, inhame, macaxeira
com porco assado criado no chiqueiro.

João e Mateus brincavam de pés descalços e amassavam
o barro esculpindo animais,
feitos com as próprias mãos.

Saltavam pelo terreiro,
jogo de bola de meia
e carrinhos corremãos.

Subiam na goiabeira
colhendo as frutas
para Dona Lú mexer
o doce no tacho.

Comiam banana da safra
retiradas de um suculento cacho.

Ou será que o nome era penca?

Lambuzando-se com pão e caldo de cana
comprados na Venda de Seu Baracho.

Enquanto isso Seu Tinhão,
pai,amigo e companheiro
levava nas costas
uma pesada enxada
para lavrar a terra
e plantar mandioca em seu quinhão,
cobrindo o sustento por toda região.

Andava expiando as nuvens
esperando que brotasse
e do céu caísse a chuva.

Chuva forte ou fina!

Para encher os leitos dos rios,
deixando a deságua bemvinda!

Pelo ano inteiro,
seguia nessa mesma caminhada,
arrastando sua sandália de couro
que levanta a poeira como um zebú.

A vegetação que avistava era coberta
de mandacarú.

O Natal havia chegado
naquele lugar bem distante.

Num sertão altaneiro
que aquele povo vivia,
plantando e orando
para que a chuva surgisse.

Plantando e arando o chão de ilusão.

Lida de sertanejo com amor no coração.

Família reunida com espírito natalício, gotejando
pelo Milagre de Natal !

Rogéria Costa

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