Fonte: Isso é Encosto
Naquele agreste sertão,
havia um menino chamado João,
cujo destino ninguém sabia não.
Morava com sua família pai, mãe
e um caçula. Esperto irmão!
Viviam num casebre,
longe da cidade grande.
Tomavam banho na cachoeira
e quando fazia frio
esquentavam-se na fogueira
acesa na beira do rio.
Comiam charque e feijão-de-corda
colhido no terreiro.
Batata doce, inhame, macaxeira
com porco assado criado no chiqueiro.
João e Mateus brincavam de pés descalços e amassavam
o barro esculpindo animais,
o barro esculpindo animais,
feitos com as próprias mãos.
Saltavam pelo terreiro,
jogo de bola de meia
e carrinhos corremãos.
Subiam na goiabeira
colhendo as frutas
para Dona Lú mexer
o doce no tacho.
Comiam banana da safra
retiradas de um suculento cacho.
Ou será que o nome era penca?
Lambuzando-se com pão e caldo de cana
comprados na Venda de Seu Baracho.
Enquanto isso Seu Tinhão,
pai,amigo e companheiro
levava nas costas
uma pesada enxada
para lavrar a terra
e plantar mandioca em seu quinhão,
cobrindo o sustento por toda região.
Andava expiando as nuvens
esperando que brotasse
e do céu caísse a chuva.
Chuva forte ou fina!
Para encher os leitos dos rios,
deixando a deságua bemvinda!
Pelo ano inteiro,
seguia nessa mesma caminhada,
arrastando sua sandália de couro
que levanta a poeira como um zebú.
A vegetação que avistava era coberta
de mandacarú.
O Natal havia chegado
naquele lugar bem distante.
Num sertão altaneiro
que aquele povo vivia,
plantando e orando
para que a chuva surgisse.
Plantando e arando o chão de ilusão.
Lida de sertanejo com amor no coração.
Família reunida com espírito natalício, gotejando
pelo Milagre de Natal !
pelo Milagre de Natal !
Rogéria Costa
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