Sonhos de liberdade
Quando eu era criança não sabia que era tão complicado.
Brincava e corria à procura de vento e sol.
Era, na época, meu único destino.
O tempo passou e foi um longo processo, da meninice à vida adulta.
Quantas responsabilidades.
Quantas alegrias por universos conquistados.
Hoje, vejo meus filhos crescendo na velocidade luz.
Sinto falta de conversas mais longas, de lanches mais rebuscados, do riso solto na mesa farta.
A família se reunia, contava coisas do cotidiano.
Não me lembro dos assuntos serem contas a pagar.
Lembro de comemorações, de como estávamos na escola, como eram nossos amigos.
Como foi dar o primeiro beijo adocicado pelo amor.
Como foi a primeira noite, dos carinhos e afagos.
Havia um olhar para as pessoas de forma mais humana, menos banal.
Tudo tão bonito; até quando aconteciam coisas ruins era bonito.
Era mais íntegro.
Tínhamos uma vontade de poder, de potência, de liberdade.
Vontade de ousar e de superar.
Buscávamos ter empatia por nossa profissão.
Sentíamos, em nós mesmos, o nosso dom.
Não precisávamos de exércitos de orientadores profissionais para dizer
do que gostávamos, o que nos realizava.
Hoje vejo jovens mais tristes, mais frenéticos, sem tempo sequer de dizerem olá.
Parece que o mundo vai acabar, que suas vidas serão arruinadas a qualquer momento.
O dinheiro, a máscara da superfície ganhou forma.
Somente a pele é relevante.
Danem-se nossas vísceras, nossos afetos, nossos desejos mais sublimes.
As pessoas brigam, se maltratam e não se olham mais nos olhos, não são
mais francas, de coração.
São cegamente narcisistas, só pensam nelas mesmas e são francamente más.
A competição é grande, todos têm inveja de alguma coisa ou de algo que alguém tem.
Todos querem possuir sem gostar, sem o dom de apreciar.
Lembro-me quando meu avô trazia prá casa alguns doces.
Leite condensado era artigo de luxo.
Lambia os beiços quando comia palitinhos de chocolates comprados na feira.
Hoje temos tantas marcas de biscoitos que perdemos o paladar;
não sabemos o que é amargo ou doce.
Teria tanto que escrever, tanto que dizer.
De qualquer forma, deixo um recado para quem ainda não nasceu ou para quem quer renascer: olhem mais, escutem com atenção, se alimentem com tranqüilidade, saboreiem a vida.
Enxerguem com o coração, respeitem os outros, respeitem as regras,
quebrem-nas com sabedoria.
Tenham amor à vida!
Tenham amor ao planeta.
Tenham amor pela família e não confundam amizades interesseiras com amizade profunda;
isso requer mais cuidado, mais assertividade e mais trabalho.
Não julgue o que você é, somando ou diminuindo.
Ser inteiro leva tempo e requer habilidades.
Talvez sua busca nunca se complete, mas você tentou.
E, saiba sempre que tudo na vida tem conseqüências.
As coisas sempre têm vários lados.
Priorize o seu lado melhor e aprenda com os erros.
Marisa Speranza
Existem palavras que exprimem nosso pensamento.
Ao ler essa crônica, acendeu o desejo de postar no "fragmentos".
Faz conhecer,através das palavras de Marisa Speranza minhas próprias idéias sobre o tema.
Tomei a liberdade em deixar os pontos de vista, encontrado no blog "desatnos.blogspot.com"
como subsídeos de reflexão.
Tantos valores que se perdem diariamente!
Será, por isso, o surgimento do grande número de desajustes dos adolescentes, que não priorizam a decência nem a moral em suas vidas ?
Comparar, atitudes dos jovens de hoje com os de outrora, pode segmentar entendimentos e soluções aos conflitos existentes.
Agradeço, a autora desse texto pelo que escreveu,
deixando-nos esse belo legado à posteridade.
Rogéria Costa