Abrindo a torneira
Lavando os legumes
Pensando asneiras
No ar os perfumes
Cortando as verduras
Fazendo a salada
Picando na tábua
Grandes venturas
Limpando as mãos
Na água morna
Também água fria
Ou límpida
Na imagem
Durante seu dia
Bem nítida linguagem
Da burguesia
Senhora
Faz sua comida
Faz sua comida
Dos doces aos amores
Comemora em família
Em cada prato
Com a alma lavada
Sem ser mascarada
No seu reino
De prataria
De prataria
O trono na cozinha
É a velha cadeira
Junto ao fogão
Eterna brejeira
Junto ao fogão
Eterna brejeira
Em qualquer ocupação
Dança no batuque
Das suas panelas
Brilhantes que mais
Todos os cristais
Todos os cristais
E as lágrimas que rolam
Limpando as janelas
Quando pensa
Em sim mesma
Na sua aventura
O rosto mergulha
Soluçando desgosto
Que nessa altura
Não mais sairá
Desse posto
Correntes ameaçadoras
Quando o alimento
Vai preparar
Chorando as cebolas
Que vai cozinhar
Chorando as cebolas
Que vai cozinhar
Com amor e primazia
Revela todinha
Sua vida tardia
Mas em cada verde
Que corta e pica
Grande esperança
Grande esperança
Nasce e fica
Na lembrança
Que amanhã
É um novo dia
Para se sonhar
E, finalmente, amar...!
E, finalmente, amar...!
Rogéria Costa
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