
                      O curandeiro de San José
                       " Nos arredores de San José havia um curandeiro, negro velho, analfabeto.
                         Atendia debaixo de uma árvore enorme.
                        Punha óculos para examinar os pacientes com olhos de doutor e para fazer de conta que lia jornal.
                       Todo o povo o respeitava e queria.
                       Como bom curandeiro de lei, o negro sabia salvar
com ervas e mistérios.
com ervas e mistérios.
                       Uma tarde trouxeram para ele uma doente muito pálida, o olhar sem luz, tinha perdido a fome e estava muda e sem força para caminhar.
                       O negro fez um sinal e se aproximaram da árvore os pais e o irmão.
Ele, sentado, meditava; eles, em pé, esperavam.
Ele, sentado, meditava; eles, em pé, esperavam.
                      - Família - disse, finalmente.
                      E diagnosticou:
                      - Esta moça está com a alma toda esparramada.
                     E receitou:
                     É preciso música para juntar."
Eduardo Galeano,
Dias e noites de amor e guerra, L&PM,2001
Dias e noites de amor e guerra, L&PM,2001
















